O Jornal Folha de São Paulo têm destacado a oferta de cursos de atualização para homens e mulheres que há algum tempo estavam afastados da escola. É a universidade aberta para a terceira idade. Para participar não é preciso fazer provas nem possuir diploma de ensino básico. Basta ter vontade de aprender, porque sempre é tempo para adquirir novos conhecimentos.
Os títulos dessas matérias comprovam essa nova visão das instituições de ensino superior: “Mais velhos fazem faculdade sem vestibular”; “Plástica interna que me dei de presente”; “Administrador arrisca nova profissão”. De tudo, o que fica mais evidente é a valorização que está sendo dada para a terceira idade, acabando com o tempo ocioso e exercitando a mente de milhares de idosos.
De acordo com a Folha de São Paulo, o modelo francês de universidade aberta à terceira idade chama a atenção pela qualidade das aulas e pela forma como são selecionados os cursos para uma faixa-etária que vai dos 50 aos 80 anos. Esse modelo foi criado nos anos 70 pelo psicopedagogo, Pierre Vellas, da Universidade de Toulouse (França). No Brasil, a universidade pioneira foi a PUC de Campinas que há 11 anos começou o seu primeiro curso e até hoje oferece à população mais idosa: aulas de história, economia, política, além de orientações na área de saúde e algumas atividades socioculturais.
Não há provas nem trabalhos obrigatórios, é tudo baseado na pedagogia do prazer, permitindo o encontro com velhos conhecidos para trocar novas experiências, o que melhora a auto-estima, dando a sensação de vivacidade. A atualização dos temas é constante, o que faz com que boa parte dos alunos retornem nos próximos períodos.
Dois depoimentos chamam a atenção nas matérias publicadas pela Folha de São Paulo. Dona Rosa Salerno Rossi, de 68 anos refere-se às aulas como uma plástica interna que ela se deu de presente. Dona Rosa confessou que “nunca tinha sentido vontade de freqüentar uma faculdade”. Só investiu nos estudos depois que ficou viúva e que os filhos e netos já estavam independentes. A oportunidade de conviver com pessoas da mesma idade e com os mesmos interesses foi bastante saudável, principalmente porque outros encontros são marcados para discutir assuntos como saúde, alimentação etc.
O administrador de empresas José Roberto Valentim, de 63 anos, entrou para a “segunda” universidade em 1999. Ele disse ao jornal Folha de São Paulo que já havia se aposentado e que estava se considerando meio inútil. Informou-se sobre a universidade e foi saber do que se tratava. Com pouco tempo já estavam ele e a esposa matriculados no curso de atualização da universidade da terceira idade do Centro Universitário Santana. O retorno para a vida escolar tem lhe trazido ótimos resultados, estimulando-o para atividades como a pintura, um antigo sonho, que já o tornou professor particular de artes.